A disputa de bastidores no PT a caminho do Palácio da Liberdade revela acidez. Fernando Pimentel, que desde a sua articulação com Aécio Neves para emplacar a vitória de Márcio Lacerda (PSB) na prefeitura de BH desagrada a cúpula nacional, deu recentemente mais um bom motivo para que Brasília mire sua ajuda a favor do ministro Patrus Ananias (Combate à Fome).
Em entrevista à Veja, Pimentel deslizou ao atacar seu adversário. Disse existir em Minas um “setorzinho xiita” do PT, no qual incluiu os ministros Patrus Ananias e Luiz Dulci (Secretaria-geral da Presidência).
Como já é de conhecimento de todos: “roupa suja” deve ser lavada em casa para não afetar a imagem de unidade partidária. As declarações ao um veículo de comunicação, tradicionalmente hostil ao PT, podem ser consideradas ainda mais desastrosas no ponto de vista do partido.
A resposta veio: “Faço um apelo pela unidade e pelo bom senso. Para o PT disputar com chances o governo de Minas, precisamos ter um partido unido e suas principais lideranças com muito juízo”. Declaração do presidente nacional da legenda, Ricardo Berzoini.
Se o cacife de Pimentel não estava bem junto à cúpula nacional, as declarações ajudaram a piorar.
A briga em Minas pode se dar em outra camada, longe de Brasília. Mas não tão longe assim. Instigar com “vara curta” a ira de quem tem na mão a máquina do Poder Central não é lá uma estratégia das mais inteligentes.
Aliados de Pimentel articulam um cargo de visibilidade para o pré-candidato até as eleições para o Palácio da Liberdade. Fala-se em algo relacionado ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) – a menina dos olhos do Governo. Ou até mesmo em Ministério.
A notícia de que seria o articulador da candidatura de Dilma à presidência foi para as páginas do jornais no inicio de fevereiro. O fato dado como certo até antes do carnaval esvaziou-se. Nem seus apoiadores já afirmam categoricamente que a presença de Pimentel no Governo Federal é certa.
E não precisa ser nenhum observador mais atento para perceber que as chances de abalo em algo que era certo são consideráveis.
Um sintoma do estrago das declarações do ex-prefeito de BH foi o próprio encontro estadual da legenda em BH sem a presença dos ministros mineiros. Veja aqui matéria do Portal Uai.
Na briga interna pelo Palácio da Liberdade – que pela primeira vez na história do Estado parece com boas chances para o PT ainda que a análise seja prematura -, Pimentel pode ter conseguido jogar fora uma vantagem importante para conseguir visibilidade e angariar apoios. Tropeçou na própria língua.
Foto: Divulgação
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