segunda-feira, 30 de março de 2009

O caminho da derrota


A derrota de Pompilio Canavez (PT) na disputa pela presidência da AMM (Associação Mineira dos Município) expõe a tradicional queda de braço dos “mandatários” da política mineira. Da pirâmide do Poder.

Joga um banho de água fria nas pretensões de um hoje fragilizado político de ambições visíveis na escalada da carreira pública.

A derrota de Pompilio é a síntese da força do tucano Aécio Neves, que tinha neste jogo de influência uma questão de honra. Perder seria trágico, vencer uma obrigação. Na luta com José Serra, a derrota para Aécio seria algo vexatório. Não foi. Muito pelo contrário.

O placar de 254, para o prefeito de Conselheiro Lafaiete (José Milton/PSDB), a 80, obtido por Pompilio, traduziu o prestigio do governador mineiro em seu território. Algo que pudesse revitalizar a sua luta com Serra.

Se era preciso mostrar “quem manda”, a missão foi cumprida à risca.

Mas a derrota de Pompilio é também o resultado de um crônico e já conhecido problema da política brasileira. A inexistência de uma unidade partidária.

O mapa partidário das prefeituras mineiras revela que 259 prefeituras estão nas mãos de tucanos (160) e Democratas (99). Somado o volume de antigos aliados – como PTB e PP - que conduziram Aécio ao Palácio da Liberdade por duas vezes, a conta sobre para 381 prefeituras – ou seja, 44% do total.

É claro que estes números não são o fiel retrato da eleição da AMM que agrega 450 municípios filiados num universo de 853 prefeituras. Mas servem como parâmetro de análise.

Pompilio contou com o apoio do PMDB do ministro Hélio Costa (Comunicações). Petistas (110) e peemedebistas (120) têm nas mãos 230 prefeituras (26,9%).

O tucano José Milton obteve 75% dos votos na eleição da AMM. Pompilio, 23%. Números distintos da proporcionalidade partidária nas prefeituras de Minas.

Se o prefeito de Conselheiro Lafaiete tinha Aécio. Pompilio poderia ter a força dos braços do Planalto. Não os teve. Pelo menos é o que mostrou o resultado.

Na divisão do bolo tributário é a União a grande beneficiada com 60% do montante contra 25% dos Estados e 15% dos municípios. Informações do tributarista e vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito (PTB), no site Correio 24 Horas.

É do Planalto que vem a maior gama de recursos para os municípios. Fato nada desprezível na queda de braço entre os grupos políticos.

Essa força não se fez presente na eleição da AMM e o sonho de Pompilio naufragou.

No momento em que enfrenta processo que podem resultar na cassação de seu mandato - Já há dois pareceres da Procuradoria de Justiça Eleitoral pela perda do mandato -, uma vitória na AMM representaria o resgate de um prestigio político abalado. Era a demonstração de força em meio a crise. A vitória não veio e o inferno astral continua até a sentença.

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