segunda-feira, 29 de março de 2010

De Olho no futuro


Odiado pela oposição e hegemônico em sua base partidária, Luizinho assume a prefeitura com o olho no futuro. Definitivamente, não se trata do vice que assume o Poder “por acaso”. A chegada ao topo da administração é uma escalada articulada passo a passo.

De perfil estrategista, o novo prefeito encaixa-se no rótulo de um obstinado pela política. Os aliados costumam atribuir a característica de alguém que respira política 24 horas. E está aí uma das peças chaves de sua trajetória político-partidária.

Conquistou a incomum hegemonia no PT, partido conhecido pelas suas fragmentações e fervorosas disputas internas, devido ao amplo leque de correntes ideológicas que abriga.

A capacidade de articulação e de definir estratégias também se revela no outro lado da moeda. É o alvo preferencial do ódio e da preocupação dos adversários que têm nele uma ameaça de perpetuar-se no Poder.

O fato é que 30 de março não será somente a data em que assume oficialmente como prefeito, mas a largada para 2012. Candidato natural, apostará todas as suas fichas na consolidação de seus projetos e na construção de uma imagem positiva junto aos eleitores.

Se os adversários o têm como um futuro candidato sem o mesmo potencial de votos de Pompilio é bom que não cristalizem este pensamento. O perfil estrategista revela um político meticuloso capaz de trabalhar sistematicamente suas deficiências e colher os frutos na dormência de adversários que não têm – digamos - a mesma paciência diante dos detalhes.

As eleições de outubro serão cruciais para os projetos políticos do petista. Unidos em torno de um único projeto político, Luizinho e Pompilio formam uma dupla que atuam em coordenação constante. O passo de um reflete no do segundo.

Uma vitória de Pompilio poderá significar irremediavelmente numa composição de força que poderá empurrar o PT para o terceiro mandato. A definição da presidência da República e do Palácio da Liberdade também são peças deste jogo de xadrez. Todo detalhe é válido para decifrar o melhor lance.
É por isso que os adversários políticos fazem “figa” contra qualquer movimento petista. Sabem que o perigo é real e manifesta-se a cada jogada no tabuleiro. E a cada jogada, os olhos atentos se fixam num futuro que tem data definida: 2012.

terça-feira, 9 de março de 2010

O dever de fiscalizar


O dever de fiscalizar é a incumbência primordial do Poder Legislativo e o que o justifica como poder autônomo. Tal ação não deve estar submetida a interesses partidários e de grupos a fim que se intensifique ou se omita a esta função.

Ao aprovar o projeto de Lei que permite o Executivo selecionar empresas a serem beneficiadas com infra-estrutura e mão-de-obra do município, a Câmara abre mão de um instrumento importante no processo de “vigilância” da aplicação do recurso público.

Não que se presuma antecipadamente qualquer ato de má fé, mas ao Legislativo não cabe a prerrogativa de deixar escapar por mãos qualquer mecanismo de controle das ações do Executivo, desde que não o engesse. Afinal, a independência – caracterizada pela ação fiscalizadora – é o que sustenta a própria existência de poderes distintos.

Ao delegar amplos poderes ao Executivo para que possa definir os critérios de seleção de empresas sem que estes, ao menos, sejam informados ao Legislativo, os legisladores mostram-se ausentes alheios a função primordial.

A geração de empregos é uma meta a ser perseguida por qualquer gestor público responsável e comprometido com a sociedade que lhe delegou poderes. Ao propor ações de incentivo a implantação de novas unidades geradoras de renda, o Governo cumpre sua missão: a de gerar renda.

Entretanto, o que se discute não é a iniciativa de legalizar mecanismos de incentivo a geração de emprego, mas sim a implementação de caminhos que dispensam a fiscalização sistemática. É esta estrutura de fiscalização minuciosa que garante a essência da independência entre os Poderes e a consequente vigilância entre os Poderes.


Ao abrir mão desta prerrogativa, o Legislativo deixa de exercer uma ação primordial que garante o regime democrático. E enfraquece a sua própria imagem enquanto poder autônomo, justificado por um orçamento anual superior a R$ 4 milhões.

segunda-feira, 1 de março de 2010

FHC tenta emergir e virar a lua


Marcado pela notoriedade intelectual no cenário internacional, Fernando Henrique Cardoso experimentou o gosto do brilho de uma estrela em seus tempos áureos de Real.

Após um primeiro mandato de glória popular, submergiu e afundou-se, pouco a pouco, na terra batida e na amargura da rejeição que avolumou-se em seu segundo mandato como presidente da República.

De herói a vilão? Nem tanto, mas FH foi ao céu e voltou a terra. Provou o gostinho doce da glória – do herói que salvou a nação da inflação – e o gosto azedo da impopularidade.

O nome que escreveu na história da República não se apagará. Responsável pelo controle da inflação – problema crônico enfrentado pelos antecessores -, aliado à imagem de intelectual respeitado no cenário acadêmico, o líder do tucano fixou-se como um estadista.

Mas o brilho foi ficando turvo. E apagou com Lula.

Trajetória incomum. De operário a líder da Nação, Lula chegou ao Poder com uma história – que por si só – já o credenciava para que fixasse na história republicana um lugar de destaque.

Sob os holofotes da mídia internacional e sob a curiosidade da comunidade internacional, Lula ganhou espaço. Enfrentou crises, escândalos, experimentou o crescimento da economia, saldou dívidas e tornou o País credor do “fantasma” do FMI. Nada abalou a sua popularidade.

Lula chega ao final de seu segundo mandato soberano no sempre tumultuado e competitivo jogo pelo Poder. Capaz de indicar e sustentar uma candidatura inexpressiva se não fosse o próprio Lula dar luz a estrela turva de Dilma.

Em meio a tudo isso, FH tenta ressurgir por meio da imprensa. Faz ataques, tenta polemizar no sufocado grito do “eu existo”.

Relegado estrategicamente na campanha eleitoral de 2006, pelo próprio PSDB, a inglória posição do esquecimento no intuito da não-polarização, FH tenta agora ressurgir e conquistar o brilho da lua. Tudo isso por ser incapaz de enfrentar o sol.