domingo, 19 de dezembro de 2010

Ondas da política




A conquista da presidência da Câmara Municipal de Alfenas pelo PT tranquiliza ainda mais o Governo local. Desde que assumiu o comando do município, o prefeito Luiz Antônio da Silva, o Luizinho, vivencia um cenário de completo domínio político na Casa.

A atual legislatura, que já não demonstrava sinais de resistência às ações do Governo, então comandado pelo antigo prefeito Pompilio Canavez, manteve o tom governista. As poucas vozes que ressoam da oposição não têm força efetiva para mudar as decisões em plenário.

O poder da atual legislatura, “de incomodar” o governo, está, aliás, bem abaixo da antiga, que já era alvo de críticas. Foi naquela época, por exemplo, que o Legislativo protagonizou momentos de tensão política entre os grupos locais: a CPI barrada na Justiça foi o auge do cenário passado.

Até agora a atual legislatura não teve força e nem iniciativa para nenhum ato real que ultrapassasse a linha do discurso acalorado.

Mas porque então a necessidade do comando da Casa, sem a possibilidade de um novo líder com o mesmo vigor na defesa do governo?

A candidatura do atual prefeito em 2012 é dada como favas contadas no meio político. Ao mesmo tempo em que atrai a defesa fervorosa de militantes, também desperta o ódio dos inimigos. É sabedor que não gozam da mesma base de sustentação popular que seu antecessor e a oposição sabe disso.

É exatamente aí que mora o perigo. Atento a todos os movimentos, o mentor governista – encarnado na figura do prefeito - sabe aonde está a sua fragilidade, mas sabe também como neutralizá-la e o caminho para revertê-la.

Neste caminho, a segurança de ter como seu sucessor imediato alguém de confiança, fiel ao projeto encabeçado por ele, é vital.

A presidência em mãos “erradas”, ou não tão confiáveis, poderia trazer incertezas e montar o cenário perfeito para o que os governistas costumam chamar de “conspiração” para o golpe. Criar clima e condições favoráveis para a dança da cadeira seria a obsessão dos adversários.

O atual prefeito sabe que precisa fortalecer a sua imagem. E até aqui parece que as ondas da política conspiram a seu favor. Não foram poucas as recentes e decisivas vitórias: as eleições de Dilma na Presidência da República e de Pompilio na Assembleia, e agora – como a cereja no bolo – a conquista do comando da Câmara de Vereadores.

Nada na política é decisivo ou tão sólido que não possa ser mudado, mas as ondas favorecem o projeto do atual prefeito, que tem agora todo um cenário cenário a seu favor.

Charge: Erick Vizoki

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora José?


A derrota de José Serra abre uma ampla oportunidade para que um dos principais partidos da República possa planejar suas estratégias e mais do que isto: rever até mesmo seus conceitos programáticos. Para onde caminharão os tucanos?

Esta é uma resposta procurada por analistas políticos que arriscam nos palpites. Está em jogo a própria sobrevivência de correntes ideológicas que saíram da disputa fragilizadas.

A acomodação interna das forças políticas dentro do ninho tucano é algo que parece se desenhar. O discurso pós-derrota aponta na direção da renovação como necessidade.

Um cenário propício para lideranças como a de Aécio Neves que terá no Senado sua vitrine. A popularidade no estado de origem e a associação a figura do avô – tem aí a própria capacidade de articulação herdada de Tancredo - o credencia, sem dúvida, ao páreo.

Mas o domínio interno dos paulistas o faz a passar pela artimanha da composição. Somente ao lado de Geraldo Alckimin poderá ousar vôos maiores.

Mas e José Serra? Seu caminho agora parece decisivo para desvendar os rumos do partido. A derrota para a “sombra” de Lula – condição que Dilma deixar de ter a partir de agora – o deixa numa perspectiva desfavorável e pouco confortável para desejar uma nova empreitada rumo ao Planalto em 2014.

É fato que a dinâmica política permite mudanças bruscas e quatro anos é muito tempo para qualquer previsão taxativa neste sentido. Se a liderança de Serra for minimizada internamente, como reação natural a ala progressista perde espaço empurrando a legenda para que assuma uma postura mais liberal, fugindo de vez da sua origem.

A especulação em torno do futuro político de Serra abre o leque de especulações e as possíveis construções políticas para os cenários futuros. Em torno dele passa as mudanças no partido e em toda conjuntura político-partidária do País. Por isso a pergunta permanecerá por algum tempo: E agora José?

sábado, 3 de julho de 2010

Eleição de outubro dá sinal da disputa pela prefeitura em 2012



As eleições de outubro revelam uma verdadeira disputa pela prefeitura em 2012. Sob o manto das candidaturas a deputados, políticos dão o tom da disputa municipal a 2 anos do pleito.

Nos bastidores, vários dos candidatos admitem a intenção de disputar a eleição municipal. Mas, para isso, o resultado das urnas em outubro será decisivo.

Das cinco candidaturas a deputado estadual, pelo menos três pode ter reflexo direto em 2012. Uma delas é a do próprio ex-prefeito Pompilio Canavez (PT) que não pode ser candidato em 2012. As duas vitórias seguidas (2004 e 2008) o tornou inelegível em 2012.

Uma eventual vitória de Pompilio para Assembleia Legislativa fortaleceria a candidatura do atual prefeito Luiz Antônio da Silva (Luizinho/PT), nome natural do grupo político de situação no processo eleitoral de 2012. A dúvida ficaria por conta da definição do candidato a vice na chapa.

Todos concordam que ainda é muito cedo para qualquer definição, mas admitem que o resultado de outubro será fundamental para as articulações visando 2012.

A entrada dos nomes de Eliacim do Carmo de Lourença (PCdoB) – candidato a prefeito em 2008 – e de Décio Paulino (DEM) – candidato a vice-prefeito também em 2008 – aumentaram ainda mais a conotação do jogo eleitoral com vistas a 2012. Os dois anunciaram suas candidaturas a deputado estadual.

Caso não consigam emplacar uma vaga na Assembleia Legislativa, mas obtenham uma votação expressiva em Alfenas, reforçam seus nomes para 2012.

Entre os grupos de oposição há uma tendência para estratégia de união para que haja uma candidatura única para enfrentar a candidato petista. Em novembro do ano passado vários partidos de oposição começaram a se reunir para articular uma coalizão de partidos visando 2012. Mas aos poucos o grupo se dividiu.

No grupo ligado a Marcos José Duarte (Marcão/PPS), candidato a prefeito em 2004 e 2008, a candidatura de Décio é vista com desconfiança. Um resultado expressivo nas urnas poderia ameaçar a condição – tida por eles como natural - de Marcão como cabeça de chapa do grupo que reúne partidos como PPS, DEM, PP, PSB e PV.

Mas, na semana passada, Marcão anunciou apoio a candidatura de Décio e a do vereador Sander Simaglio (PV). Este último para deputado federal. Nos bastidores a intenção é que os candidatos em 2010 manifestassem apoio a Marcão em 2012.

Sander é outro nome, que embora não assuma sua pretensão a candidatura majoritária, admite o fortalecimento de sua imagem política caso obtenha um bom resultado nas urnas. Condição que pode habilitá-lo a uma alternativa para a disputa majoritária em 2012.

Outro nome é o de Eliacim, que poderia polarizar com os petistas o eleitorado com perfil ideológico de esquerda. Candidato a prefeito em 2008 após três mandatos como vereador, o seu nome é naturalmente lembrado para a disputa de 2012 como candidato de terceira via, opondo-se a situação e a oposição tida como conservadora.

Ilustração:
Erick Vizoki

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nota sobre o Alfenas Hoje


Venho a público manifestar que o portal Alfenas Hoje tem colocado, ao longo de seus 3anos de existência, uma linha editorial cuja a liberdade tem sido uma das característica. Tal proposta, de oferecer informação isenta e com o único comprometimento de levar ao leitor o melhor produto jornalístico possível, alcançou, segundo a nossa análise, um resultado satisfatório, o que pode ser medido pelos acessos e, consequente, repercussão diária do material informativo postado.

Este contexto permite analisar que seguimos o caminho certo ao adotar uma linha editorial na qual se preza a credibilidade do veículo de comunicação. Pois bem, desde o início há uma ampla força contrária de uma camada, cujo envolvimento político-partidário está cristalizado, incumbida em levantar questionamentos “maldosos” e infundados quanto a idoneidade de membros deste portal no intuito de afetar a credibilidade conquistada.

Há que se registrar que a mesma força contrária ao sucesso deste portal, na tentativa inicial de minar diretamente o mesmo (na época que ainda se um constituía como site, em 2007), buscou meios de denegrir diretamente o conteúdo produzido num primeiro estágio de vida do então site. Sem efeito, buscou minar anunciantes.

Nenhuma dessas tentativas surgiram efeito porque, acreditamos, que o portal atingiu o que mais estes temiam: o respeito de seus leitores o que tem crescido a cada dia (o que pode ser comprovado numericamente por meio de registros estatísticos). E este é o reflexo de todo nosso trabalho e esforço na luta pela credibilidade.

Diante de todo este contexto, já se tornou rotina o lançamento de informações falsas e maldosas, incorporadas em “fofocas”, contra o portal e seus membros com o objetivo claro já mencionado.

Concluindo, qualquer que seja o questionamento lançado quanto a credibilidade do portal Alfenas Hoje é fundamental que não se perda de vista o verdadeiro objeto a ser analisado: o conteúdo do próprio portal. É ele o foco real das observações e das quais não nos furtamos ao debate.

Qualquer desvio a esta lógica caracteriza-se, mais uma vez, o intuito claro político-partidário de desvirtuar o verdadeiro debate na intenção que foge ao esclarecimento. Esperamos dos leitores – e não me refiro àqueles cujas intenções são conhecidas – a vigilância constante e metódica do conteúdo do portal o que acreditamos ser salutar para o aprimoramento constante do produto jornalístico oferecido.

Não pretendemos aqui atingir a todos, pois isto incluiria aqueles com intenções duvidosas. Somente pretendemos lançar um ponto de reflexão as pessoas que acompanham este portal e são desprovidos de qualquer intenção negativa em relação ao mesmo.

domingo, 18 de abril de 2010

Momento Extremo



O episódio envolvendo a senadora Marina da Silva e o vereador alfenense Sander Simaglio, ambos do PV, (leia aqui) traduz uma situação antagônica no ponto de vista eleitoral.

As semelhanças no esquerdismo de bandeiras sociais foi o que menos pesou num embate reduzido a um tema especifico no qual os dois representam segmentos tão distintos da sociedade.

O saldo, sem dúvida, ficou invertido. Quem teve a perder foi Marina por não antever uma situação que poderia eclodir na sua corrida pelo mandato presidencial. Aliás mesmo em outras disputas, mas muito mais agora que tem a sua frente todos os segmentos da sociedade clamando posições explicitas.

Mas é fato que jamais imaginaria que a saia justa viria como fogo amigo, dentro de sua base partidária. O fato é que lançar-se em uma disputa tão heterogênea merece definição de posições às vezes que se chocam com uma das correntes de pensamento da sociedade, inevitável postura de risco eleitoral.

“Existem pessoas que fazem de um jeito e eu faço de outro (...) Ser aliada nãos
significa ser aliada em tudo. Eu não vou levantar bandeira como não faço em
relação as demais. Eu sou aliada, mas não sou o movimento em si e sempre faço
questão de diferenciar”.

A frase acima é de Marina e remete a uma lógica incontestável. Por ela, Marina se guia em sua conduta o que a coloca em seu traço característico de personalidade. Mas no “aué” do mundo político-eleitoral pode – sem dúvida – não ser o melhor caminho. Lula já havia percebido isso.

Se para Marina o episódio foi árduo, para Sander surgiu como oportunidade de alavancar-se num cenário além do que habitualmente estava restrito. Pré-candidato a deputado estadual, para ele não poderia ser melhor no que refere-se a projeção enquanto líder de um segmento que cada vez mais mostra a cara e pressiona a sociedade pela adoção de suas reivindicações.

Com isso, Sander costura sua trajetória política sem perder a oportunidade de projeção da imagem. Entre ações, discursos e posicionamentos não se despreza a oportunidade de escalar mais um degrau na ambição pelo topo.

Oportunismo ou não. O que é explicito é a capacidade de aproveitar as situações para construir sua escalada. Configura-se, aos poucos, como uma alternativa de peça no tabuleiro do poder.

Ambicioso, o pragmatismo de suas ações o eleva a uma camada acima. E é para isso que trabalha. Aonde vai parar? Esta é a incógnita.

Imagem retirada da foto original de André Novais/Divulgação

segunda-feira, 29 de março de 2010

De Olho no futuro


Odiado pela oposição e hegemônico em sua base partidária, Luizinho assume a prefeitura com o olho no futuro. Definitivamente, não se trata do vice que assume o Poder “por acaso”. A chegada ao topo da administração é uma escalada articulada passo a passo.

De perfil estrategista, o novo prefeito encaixa-se no rótulo de um obstinado pela política. Os aliados costumam atribuir a característica de alguém que respira política 24 horas. E está aí uma das peças chaves de sua trajetória político-partidária.

Conquistou a incomum hegemonia no PT, partido conhecido pelas suas fragmentações e fervorosas disputas internas, devido ao amplo leque de correntes ideológicas que abriga.

A capacidade de articulação e de definir estratégias também se revela no outro lado da moeda. É o alvo preferencial do ódio e da preocupação dos adversários que têm nele uma ameaça de perpetuar-se no Poder.

O fato é que 30 de março não será somente a data em que assume oficialmente como prefeito, mas a largada para 2012. Candidato natural, apostará todas as suas fichas na consolidação de seus projetos e na construção de uma imagem positiva junto aos eleitores.

Se os adversários o têm como um futuro candidato sem o mesmo potencial de votos de Pompilio é bom que não cristalizem este pensamento. O perfil estrategista revela um político meticuloso capaz de trabalhar sistematicamente suas deficiências e colher os frutos na dormência de adversários que não têm – digamos - a mesma paciência diante dos detalhes.

As eleições de outubro serão cruciais para os projetos políticos do petista. Unidos em torno de um único projeto político, Luizinho e Pompilio formam uma dupla que atuam em coordenação constante. O passo de um reflete no do segundo.

Uma vitória de Pompilio poderá significar irremediavelmente numa composição de força que poderá empurrar o PT para o terceiro mandato. A definição da presidência da República e do Palácio da Liberdade também são peças deste jogo de xadrez. Todo detalhe é válido para decifrar o melhor lance.
É por isso que os adversários políticos fazem “figa” contra qualquer movimento petista. Sabem que o perigo é real e manifesta-se a cada jogada no tabuleiro. E a cada jogada, os olhos atentos se fixam num futuro que tem data definida: 2012.

terça-feira, 9 de março de 2010

O dever de fiscalizar


O dever de fiscalizar é a incumbência primordial do Poder Legislativo e o que o justifica como poder autônomo. Tal ação não deve estar submetida a interesses partidários e de grupos a fim que se intensifique ou se omita a esta função.

Ao aprovar o projeto de Lei que permite o Executivo selecionar empresas a serem beneficiadas com infra-estrutura e mão-de-obra do município, a Câmara abre mão de um instrumento importante no processo de “vigilância” da aplicação do recurso público.

Não que se presuma antecipadamente qualquer ato de má fé, mas ao Legislativo não cabe a prerrogativa de deixar escapar por mãos qualquer mecanismo de controle das ações do Executivo, desde que não o engesse. Afinal, a independência – caracterizada pela ação fiscalizadora – é o que sustenta a própria existência de poderes distintos.

Ao delegar amplos poderes ao Executivo para que possa definir os critérios de seleção de empresas sem que estes, ao menos, sejam informados ao Legislativo, os legisladores mostram-se ausentes alheios a função primordial.

A geração de empregos é uma meta a ser perseguida por qualquer gestor público responsável e comprometido com a sociedade que lhe delegou poderes. Ao propor ações de incentivo a implantação de novas unidades geradoras de renda, o Governo cumpre sua missão: a de gerar renda.

Entretanto, o que se discute não é a iniciativa de legalizar mecanismos de incentivo a geração de emprego, mas sim a implementação de caminhos que dispensam a fiscalização sistemática. É esta estrutura de fiscalização minuciosa que garante a essência da independência entre os Poderes e a consequente vigilância entre os Poderes.


Ao abrir mão desta prerrogativa, o Legislativo deixa de exercer uma ação primordial que garante o regime democrático. E enfraquece a sua própria imagem enquanto poder autônomo, justificado por um orçamento anual superior a R$ 4 milhões.

segunda-feira, 1 de março de 2010

FHC tenta emergir e virar a lua


Marcado pela notoriedade intelectual no cenário internacional, Fernando Henrique Cardoso experimentou o gosto do brilho de uma estrela em seus tempos áureos de Real.

Após um primeiro mandato de glória popular, submergiu e afundou-se, pouco a pouco, na terra batida e na amargura da rejeição que avolumou-se em seu segundo mandato como presidente da República.

De herói a vilão? Nem tanto, mas FH foi ao céu e voltou a terra. Provou o gostinho doce da glória – do herói que salvou a nação da inflação – e o gosto azedo da impopularidade.

O nome que escreveu na história da República não se apagará. Responsável pelo controle da inflação – problema crônico enfrentado pelos antecessores -, aliado à imagem de intelectual respeitado no cenário acadêmico, o líder do tucano fixou-se como um estadista.

Mas o brilho foi ficando turvo. E apagou com Lula.

Trajetória incomum. De operário a líder da Nação, Lula chegou ao Poder com uma história – que por si só – já o credenciava para que fixasse na história republicana um lugar de destaque.

Sob os holofotes da mídia internacional e sob a curiosidade da comunidade internacional, Lula ganhou espaço. Enfrentou crises, escândalos, experimentou o crescimento da economia, saldou dívidas e tornou o País credor do “fantasma” do FMI. Nada abalou a sua popularidade.

Lula chega ao final de seu segundo mandato soberano no sempre tumultuado e competitivo jogo pelo Poder. Capaz de indicar e sustentar uma candidatura inexpressiva se não fosse o próprio Lula dar luz a estrela turva de Dilma.

Em meio a tudo isso, FH tenta ressurgir por meio da imprensa. Faz ataques, tenta polemizar no sufocado grito do “eu existo”.

Relegado estrategicamente na campanha eleitoral de 2006, pelo próprio PSDB, a inglória posição do esquecimento no intuito da não-polarização, FH tenta agora ressurgir e conquistar o brilho da lua. Tudo isso por ser incapaz de enfrentar o sol.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cheque em Branco


O projeto de Lei aprovado na última quinta-feira pela Câmara Municipal apesar do placar apertado (5 a 4), garantido pela guinada do vereador Evanílson de Andrade, o Ratinho (PHS), é a mais clara demonstração de fraqueza do Poder Legislativo local.

Sem poder prático - embora constitucional – o Legislativo curva-se as ações do Executivo. Designa, agora, o poder pleno de definir quais empresas a serem beneficiadas com incentivos como terraplenagem e uso de pessoal pago pelo município.

Por trás da cortina de incentivo para atração de novas indústrias para “geração de emprego” há a questão política. É sobre ela que está articulada todas as ações no plenário da Câmara e no Executivo.

O projeto, que agora virará Lei, dá ao prefeito Pompilio Canavez uma vitória a ser sentida a longo prazo. Sem poder de vetar ou de questionamentos no processo de seleção das beneficiadas, a Câmara entregou ao Executivo todo o poder de definir quem e quando beneficiar.

Ou seja, um verdadeiro “cheque em branco”.

Cheque este que demonstra dois discursos montados: 1) uma credibilidade intensa do Executivo capaz de dispensar por parte dos vereadores qualquer ato fiscalizador preventivo; 2) a fragilidade de um poder omisso: O Legislativo.

Não há que se questionar que a principal função do Legislativo é a de fiscalizar. O próprio líder do Governo na Câmara, Vagner Tarcísio de Morais (Guinho/PT), destacou este aspecto como o principal dever dos legisladores durante a votação do projeto em plenário.

A fiscalização com o intuito preventivo, afim de evitar desmandos com o dinheiro público está entre os deveres dos vereadores, que – neste caso – abriram mão.

Se a nova Lei pode evitar a burocracia na concessão de benefícios também pode ser utilizada para outras finalidades menos nobres. Como, por exemplo, favorecimento a empresas que pouco acrescentam na geração de empregos, mas como “uma mão lava a outra” podem engordar o caixa de campanha do grupo político que estiver no poder.

A Câmara abriu mão de fiscalizar a seleção das beneficiadas e deu ao Executivo um cheque em branco capaz de fazer qualquer grupo político no Poder sorrir. Não há dúvida que foi uma grande vitória para o PT. E, no campo político eleitoral, os efeitos podem vir em 2012 ou talvez antes disso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Saindo pela tangente


O ofício enviado pelo Conselho Superior da Unifal à Câmara que pede a saída de Cheta tem irritado o grupo petista no Legislativo. Sem “clima” para participar das reuniões do Conselho, o petista não deve mais comparecer aos próximos compromissos como representante da Câmara na Unifal.

Porém, a retirada oficial de Cheta como representante do Legislativo – como solicitou o Conselho – é considerada humilhante demais. Não engole o pedido.

Mais uma vez pressiona o presidente da Câmara para que não atenda o pedido. Alega uma espécie de interferência na autonomia legislativa.

Sua permanência no Conselho e sua presença nas reuniões podem, porém, soar um comportamento desafiador da Câmara, que não se mostraria sensível a uma incômoda situação. Seria um passo para uma crise institucional.

Nos corredores da Câmara, impulsionados pela fúria, chegou a cogitar-se até uma nota de repúdio, o que, ai sim, deflagraria a tal crise.

A saída para contornar já está anunciada: Cheta não freqüentaria mais as reuniões. Em seu lugar, passaria a frequentar rotineiramente as reuniões o suplente, Sander Simaglio (PV).

Os conselheiros se veriam livre de Cheta e Cheta estaria livre da humilhação oficial. Agora, resta ao Conselho engolir ou não.