domingo, 18 de abril de 2010

Momento Extremo



O episódio envolvendo a senadora Marina da Silva e o vereador alfenense Sander Simaglio, ambos do PV, (leia aqui) traduz uma situação antagônica no ponto de vista eleitoral.

As semelhanças no esquerdismo de bandeiras sociais foi o que menos pesou num embate reduzido a um tema especifico no qual os dois representam segmentos tão distintos da sociedade.

O saldo, sem dúvida, ficou invertido. Quem teve a perder foi Marina por não antever uma situação que poderia eclodir na sua corrida pelo mandato presidencial. Aliás mesmo em outras disputas, mas muito mais agora que tem a sua frente todos os segmentos da sociedade clamando posições explicitas.

Mas é fato que jamais imaginaria que a saia justa viria como fogo amigo, dentro de sua base partidária. O fato é que lançar-se em uma disputa tão heterogênea merece definição de posições às vezes que se chocam com uma das correntes de pensamento da sociedade, inevitável postura de risco eleitoral.

“Existem pessoas que fazem de um jeito e eu faço de outro (...) Ser aliada nãos
significa ser aliada em tudo. Eu não vou levantar bandeira como não faço em
relação as demais. Eu sou aliada, mas não sou o movimento em si e sempre faço
questão de diferenciar”.

A frase acima é de Marina e remete a uma lógica incontestável. Por ela, Marina se guia em sua conduta o que a coloca em seu traço característico de personalidade. Mas no “aué” do mundo político-eleitoral pode – sem dúvida – não ser o melhor caminho. Lula já havia percebido isso.

Se para Marina o episódio foi árduo, para Sander surgiu como oportunidade de alavancar-se num cenário além do que habitualmente estava restrito. Pré-candidato a deputado estadual, para ele não poderia ser melhor no que refere-se a projeção enquanto líder de um segmento que cada vez mais mostra a cara e pressiona a sociedade pela adoção de suas reivindicações.

Com isso, Sander costura sua trajetória política sem perder a oportunidade de projeção da imagem. Entre ações, discursos e posicionamentos não se despreza a oportunidade de escalar mais um degrau na ambição pelo topo.

Oportunismo ou não. O que é explicito é a capacidade de aproveitar as situações para construir sua escalada. Configura-se, aos poucos, como uma alternativa de peça no tabuleiro do poder.

Ambicioso, o pragmatismo de suas ações o eleva a uma camada acima. E é para isso que trabalha. Aonde vai parar? Esta é a incógnita.

Imagem retirada da foto original de André Novais/Divulgação

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