domingo, 20 de dezembro de 2009

Desistência anunciada


A divulgação oficial da desistência de Aécio Neves a disputa interna no PSDB pela presidência oficializa o que todos já sabiam. Sem fôlego para enfrentar o rolo compressor paulista, Aécio deixa o páreo antes que o fogo o queime.

O anúncio só não agrada exatamente os serristas. Esperavam prolongar o falso duelo. Sabedores de que tinham a decisão nas mãos, evitavam um desgaste antecipado de Serra como alvo de uma polarização indesejada com Lula.

Uma polarização com um presidente de alta popularidade o que pode queimá-lo antes de entrar na briga com a verdadeira adversária nas urnas: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Assumir “precocemente” a candidatura significa entrar na linha de tiro do presidente Lula antes da hora. Por esta, o jogo do “faz de conta” interessava mais.

Mas a Aécio a brincadeira poderia queimar sem o risco de nenhuma vantagem em troca. Como são os paulistas que dão as cartas no PSDB a definição atenderia os propósitos serristas e nada mais.

O nome de Aécio só serviria para camuflar a intenção dos tucanos e servir de escudo a Serra. Nada além disso. Aécio coloca fim a uma disputa que não existiu.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Limites confusos



Os limites entre o público e o privado parecem atordoar alguns dos políticos. O que deveria ser claro se torna confuso para muitos que estão a frente daquilo que é público.

Por conveniência ou por mera ignorância – aqui leia despreparo grotesco -, as últimas semanas ofereceram exemplos desta triste realidade presente na política alfenense. E pior: não está restrita a este ou aquele grupo político.

A dificuldade na transparência do ato público rodeia o quintal de tucanos e de petistas. Da esfera municipal e da estadual. Todos acomodados na dificuldade em compreender a dimensão de um dos conceitos básicos para quem ocupa um cargo público: Transparência.

O primeiro a dar demonstração da insensatez foi o responsável pela GRS/Alfenas, José Luiz Bruzadelli (PSDB), ao mostrar-se surpresa com uma simples pergunta: O por quê dele ter se ausentado da sede da regional por um determinado período?

Ora! Nada mais natural ter que conviver com questionamentos dos gêneros em se tratando de um cargo público. O assustador foi a resposta: “Uai, você está questionando o meu trabalho?”.

Será que não pode?

O segundo momento que brinda a população alfenense com a imensa confusão do conceito público foi a frase do vereador Antônio Anchieta de Brito (Cheta/PT) na tribuna da Câmara. “Vou aonde eu quiser, na hora que eu quiser”.

Perfeitamente, a liberdade de ir e de vir é um direito garantido. Mas o detalhe é que se trata de dinheiro público e, portanto, se vai tem que pedir permissão sim. A transparência é dever e dela não se deve desviar.

Os episódios assustadores revelam uma herança de um período que ainda resiste em deixar sequelas. Entre tantas outras mazelas na nossa história, o regime ditatorial incrustou resquícios no comportamento político de muitos.

A dificuldade em compreender o papel da imprensa e sua importância enquanto peça fundamental do regime democrático é uma delas. A ótica pela qual encaram os mecanismos da democracia é quase míope.

A conveniência alimenta-os, assim como resistem ao conceito de universalidade na informação. Esta só interessa quando atendem a conveniência do projeto de Poder, deixando a verdade relativa numa variação grotesca de conceitos que são objetivos.

Por tudo isso, resistem a compreensão mais elementar: os limites entre o público e o privado. Uma confusão que demonstra que tudo que passou num triste momento de nossa história deixa marcas e raízes tão profundas que atingem até mesmo o inconsciente daqueles que nunca participaram daqueles momentos.



Entender o que é público eliminaria qualquer possibilidade de frases de heresia como as presenciadas pelos alfenenses nas últimas semanas a não ser se proferidas por momentos de insanidade. Só isso justificaria.

Para simples e elemento básico aos políticos. Mas, na prática, eles demonstram desconhecer o limite entre o que é privado e o que é público. Haja perigo!

Imagem: Contas Aberta